CORDÕES DE ORAÇÃO
A tradição de fazer repetição de orações ou mantras é uma prática bem ancestral e comum a diferentes tradições com nomes diferentes.
Os mais conhecidos são os Japamalas e os Terços que transversalmente se juntam a outros cordões de oração de outras tradições, alguns deles com o nome comum de Rosário.
O nome Rosário vem de Rosa, simbolicamente uma flor feminina de grande poder e simbolismo. Estes Rosários vivos consistiam em cordões de flores (não necessariamente rosas) em que cada flor corresponderia à entoação de uma ou um conjunto de Oração /Mantra/Invocação que pela sua repetição ia alterando o estado de consciência e propagando sementes de fé e conexão espiritual naqueles que participavam no rezo. Era muito comum invocar-se também divindades a partir dos cordões de oração.
Acredita-se que os Rosários Vivos eram acompanhados de cordões de oração. E quantos de nós não se lembrararão e associarão a estes cordões as procissões e os tapetes de flores, sim, sim, as tradições mais fortes como a do paganismo (por exemplo) têm sempre formas de se sincretizar pela tenacidade daqueles que as têm vivas em todas as suas células. E entra a filosofia do colonizador: quando não se pode com eles, junta tudo, baralha e diz que afinal é novo e é nosso.
O material mais usado eram sementes, porque era aquilo que mais comummente se tinha fácil acesso, mas também porque simbolicamente o ato de semear oração é de um poder incrível. As contas de madeira e de cristal terão aparecido mais tarde, como algo mais valioso, mas trazendo um aporte não menos importante da árvore como estrutura e do mineral como o reino primordial resgatando a memória ancestral.
Nos dias de hoje, muitas das tradições de orar em repetição através dos cordões de oração já sofreram muitas alterações porém o seu efeito e o seu poder está muito vivo.
Os cordões de oração são tão vivos quanto mais os usamos com as nossas orações /mantras/invocações.Eles não são apenas um elemento decorativo e bonito que usamos ao pescoço. Sabiam que em algumas tradições eles não devem sequer usados dessa forma?
A matéria viva guarda memória e enche-se do sopro de vida que são as nossas palavras, a nossa voz e a nossa entoação.
E aqui chegamos a um ponto crucial, será que ainda sabemos orar?
Mas sobre isso, escreverei mais tarde.
Para já, respondo sucintamente à questão : e como ativo o meu cordão de oração se não sei ou não me relaciono com a oração? Cria a tua afirmação, curta, focada e com a intenção do teu coração e repete-a, entoa-a, canta-a, deixa que ela te leve e sente a sua vibração quando finalizares a jornada.
E foi aqui que tropecei na Via Antiga e salto para a Via do Porvir, embaranhadas como Fios de Tecedeiras.
Sento-me e deixo fluir esta prenda da Mãe.
Obrigada